As paisagens mais belas do mundo vistas por atletas e viajantes brasileiros

As paisagens mais belas do mundo vistas por atletas e viajantes brasileiros

Quem acompanha o esporte costuma lembrar de gols, medalhas e decisões dramáticas. Mas, para muitos atletas e torcedores brasileiros, algumas das memórias mais fortes não vêm apenas do placar, e sim do cenário em volta: montanhas nevadas ao fundo de uma maratona, um pôr do sol atrás de um estádio histórico, uma onda gigante quebrando a poucos metros da prancha.

Ao longo das últimas décadas, o calendário esportivo levou brasileiros para praticamente todos os cantos do planeta – de Tóquio a Patagônia, de Nazaré ao Central Park. E, junto com as histórias de superação, ficaram também as imagens gravadas como se fossem cartões-postais pessoais.

Neste artigo, vamos percorrer algumas das paisagens mais belas do mundo vistas por atletas e viajantes brasileiros, misturando relatos, contexto esportivo e dicas práticas para quem quer transformar essas memórias em roteiro de viagem.

Maratonas que viram city tour: paisagens corridas quilômetro a quilômetro

Para quem gosta de correr, poucas experiências se comparam a cruzar uma grande cidade a pé, com as ruas fechadas, a torcida na calçada e pontos turísticos surgindo curva após curva. É um city tour em ritmo de prova.

Brasileiros já são presença constante nas majors – as maratonas de Nova York, Berlim, Londres, Chicago, Boston e Tóquio – e quase todos voltam falando tanto da paisagem quanto do tempo final.

Na Maratona de Nova York, por exemplo, o visual começa já na largada, sobre a ponte Verrazzano-Narrows, ligando Staten Island ao Brooklyn. Nos primeiros quilômetros, o vento frio de novembro e a vista de Manhattan ao fundo desenham uma cena que muitos corredores descrevem como “filme ao vivo”. Ao longo dos 42,195 km, o percurso atravessa cinco distritos, passa por bairros como Brooklyn, Queens e Harlem, e termina dentro do Central Park, com as árvores já tingidas pelo outono.

Em Berlim, o destaque visual está concentrado na reta final. Depois de um percurso plano, pensado para recordes, o corredor brasileiro entra na Unter den Linden e encara o Portão de Brandemburgo ao fundo. A passagem sob o monumento é uma espécie de linha de chegada simbólica – ainda faltam alguns metros, mas, para muitos, é ali que a emoção explode.

Já em Tóquio, onde o clima é bem diferente para os brasileiros, a maratona oferece uma mistura de modernidade e tradição. Arranha-céus, templos, letreiros luminosos e ruas estreitas convivem numa rota que mostra um Japão longe dos roteiros apenas turísticos, mas igualmente fotogênico.

Para o viajante-corredor brasileiro, essas provas costumam ser oportunidade dupla: testar limites físicos e colecionar imagens mentais. Não é raro ver atletas pararem por alguns segundos para registrar uma foto rápida com o celular, mesmo sabendo que isso pode custar alguns minutos preciosos.

Para quem pensa em transformar uma maratona em viagem, alguns pontos práticos ajudam:

  • Nova York: provas geralmente no início de novembro; frio moderado a intenso; inscrições oficiais por sorteio ou agências especializadas; hospedagens sobem de preço na semana da prova.
  • Berlim: final de setembro; clima ameno; percurso plano e rápido; ótima para quem busca índice ou estreia em majors.
  • Tóquio: final de inverno/início de primavera; clima frio para o padrão brasileiro; ideal combinar com alguns dias extras para conhecer templos em Kyoto ou paisagens do Monte Fuji.

Jogos Olímpicos e Copas: quando o cartão-postal vira arena esportiva

Grandes eventos como Olimpíadas e Copas do Mundo têm o poder de transformar paisagens clássicas em palco esportivo. O atleta treina anos para aquele momento; o turista planeja economias e férias para estar ali; o resultado é uma soma de expectativa e imagem que fica para sempre.

Barcelona 1992 é um exemplo emblemático. Antes dos Jogos, a cidade já tinha seu charme mediterrâneo. Mas foi a decisão de abrir a cidade para o mar, revitalizando o porto e construindo estruturas olímpicas com vista para a costa, que criou um novo cartão-postal esportivo. Até hoje, brasileiros que visitam o Estadi Olímpic Lluís Companys ou a zona da Vila Olímpica contam a mesma sensação: caminhar por lugares onde o esporte reconfigurou a própria paisagem urbana.

Em Londres 2012, a grande vitrine foi o Parque Olímpico, erguido em uma área industrial degradada do leste da cidade. Para quem esteve lá – atleta ou torcedor – a imagem mais marcante talvez seja o contraste entre o Estádio Olímpico moderno, o ArcelorMittal Orbit e os canais revitalizados ao redor. À noite, a iluminação transformava o complexo em um painel de cores, refletidas na água.

Já no caso dos brasileiros, a relação com o Rio 2016 mistura intimidade e deslumbramento. Muitos atletas estrangeiros se impressionaram ao competir com o Pão de Açúcar e o Corcovado como moldura, algo que cariocas, por força do hábito, tendem a naturalizar.

Alguns cenários olímpicos do Rio que ficaram marcados:

  • Praia de Copacabana: palco do triatlo, maratona aquática e vôlei de praia; amanhecer de prova com o sol nascendo atrás dos morros é até hoje lembrado por atletas brasileiros e estrangeiros.
  • Lagoa Rodrigo de Freitas: remo e canoagem; montanhas ao redor e o Cristo ao fundo criaram uma das imagens mais icônicas daqueles Jogos.
  • Parque Olímpico da Barra: mais urbano e menos “cartão-postal clássico”, mas cercado pela Serra da Pedra Branca, dando, ao fundo, a lembrança de que o Rio é uma cidade entre mar e montanha.

Nas Copas do Mundo, o impacto visual também pesa. Para muitos torcedores brasileiros que viajaram à Rússia em 2018, a visão das catedrais coloridas da Praça Vermelha em Moscou ou as cúpulas de São Petersburgo, combinadas com estádios modernos como o Luzhniki e o Krestovsky, criou um contraste difícil de explicar em palavras.

Surfistas brasileiros e as catedrais naturais do mar

Se há uma modalidade em que a paisagem faz parte da essência do esporte, é o surfe. Para os atletas brasileiros que rodaram o circuito mundial, certas ondas são quase templos – não só pelos títulos, mas pelo cenário.

Pipeline, no Havaí, talvez seja o exemplo máximo. O anfiteatro natural de areia clara, palmeiras, casas de madeira baixas e o Pacífico explodindo em tubos perfeitos produz imagens que rodaram o mundo junto com a Brazilian Storm. Quem acompanhou etapas ali, seja na areia ou pela transmissão, guarda a visão de pôr do sol alaranjado atrás das séries, enquadrando as manobras.

Em Teahupo’o, no Taiti, o cenário mistura beleza e ameaça. A água azul-transparente, as montanhas verdes na ilha ao fundo e a bancada rasa de coral formam um quadro tão perfeito quanto perigoso. Vários surfistas brasileiros já relataram a mesma sensação: o lugar é tão bonito quanto intimidante.

Na Europa, a pequena Nazaré, em Portugal, virou destino obrigatório para quem se interessa por ondas gigantes. O farol no promontório, o cânion submarino e as paredes de água que podem passar de 20 metros formam um cenário quase surreal. Brasileiros como Maya Gabeira ajudaram a transformar o local em referência mundial, e muitos viajantes do Brasil hoje visitam a cidade não só para ver as ondas, mas para subir até o forte e contemplar o Atlântico em sua versão mais bruta.

Para o turista esportivo brasileiro que quer sentir um pouco desse ambiente, mesmo sem ser surfista profissional, algumas dicas práticas:

  • Havaí (North Shore de Oahu): melhor época para ver ondas grandes é entre novembro e fevereiro; hospedagem na região pode ser cara; alternativa é ficar em Honolulu e alugar carro.
  • Nazaré: temporada de ondas gigantes geralmente entre outubro e fevereiro; o forte de São Miguel Arcanjo oferece mirantes estruturados; cidade pequena, com custos mais acessíveis que grandes capitais europeias.
  • Taiti (Teahupo’o): acesso mais complexo e caro; indicado combinar com viagem mais longa pela Polinésia; mesmo do barco, a proximidade com a bancada exige respeito absoluto às condições do mar.

Montanhas, trilhas e altitude: o mundo visto do alto por atletas brasileiros

Nem só de mar vive o esporte-aventura brasileiro. Nas últimas décadas, corredores de montanha, ciclistas, montanhistas e praticantes de trekking passaram a explorar, com mais frequência, cenários de altitude em outros continentes – muitos deles de beleza impactante.

Os Andes são um dos roteiros mais procurados. Paineiras brasileiras já se acostumaram a relatos de La Paz, Cusco, Huaraz e da Patagônia. Na Cordilheira Branca, no Peru, por exemplo, trilhas como a de Santa Cruz ou a Laguna 69 oferecem um contraste dramático para quem vem do nível do mar: lagos de azul intenso, picos nevados refletidos na superfície e paredões rochosos que parecem construir uma catedral natural.

Na Patagônia, tanto do lado chileno (Torres del Paine) quanto do argentino (El Chaltén, Perito Moreno), a combinação de gelo, ventos fortes e enormes campos abertos produz uma paisagem que muitos atletas descrevem como “desproporcional”: o corpo se sente pequeno diante de glaciares, lagoas turquesa e torres de rocha que dominam o horizonte.

Corredores de montanha brasileiros também têm buscado provas em altitudes e paisagens icônicas, como as ultramaratonas nos Alpes europeus. O UTMB, com base em Chamonix, na França, contorna o maciço do Mont Blanc, passando pela Itália e pela Suíça. Ao longo de dezenas de horas de prova, o atleta é constantemente acompanhado por picos glaciais, vales verdes e vilarejos alpinos de cartão-postal.

Para quem pretende combinar esporte e montanha, alguns cuidados e orientações são recorrentes nos relatos:

  • Altitude: adaptação gradual é fundamental; planeje dias extras para aclimatação, especialmente acima dos 2.500 m.
  • Clima: variação brusca; é comum sair sob sol forte e, em poucas horas, encarar neve ou vento cortante.
  • Logística: em regiões como Patagônia e Himalaias, reserve com antecedência; períodos de alta temporada (verão local) lotam trilhas, refúgios e transportes.

Estádios com vistas inesquecíveis: quando a arquibancada é mirante

Nem só arenas ultramodernas chamam atenção. Alguns estádios espalhados pelo mundo conquistam torcedores brasileiros justamente pela relação íntima com a cidade e a paisagem.

No Rio de Janeiro, o Maracanã é um caso particular: não é necessariamente o estádio com a “vista mais bonita” do mundo dentro de campo, mas, para quem chega pela primeira vez, ver o anel de concreto cercado de morros, bairros populares e, ao fundo, a silhueta do Cristo Redentor cria uma forte sensação de lugar. É um ponto de encontro entre história esportiva e geografia carioca.

Em Lisboa, o Estádio da Luz e o Alvalade refletem mais a arquitetura moderna, mas é olhando de fora, na chegada, que muitos brasileiros têm a primeira visão ampla da cidade: colinas, prédios antigos e o Tejo ao fundo em algumas rotas de acesso. Já o Estádio do Dragão, no Porto, impressiona principalmente à noite, quando a iluminação ressalta o relevo da cidade.

Há também estádios em que a relação com a natureza é mais direta. Em algumas arenas da MLS, como o estádio de Seattle, a vista de montanhas, baía e skyline urbano se mistura com a arquibancada. Torcedores brasileiros que acompanharam jogos por lá relatam uma sensação curiosa: o olho se divide entre a partida e a paisagem.

Para quem busca unir jogo e cartão-postal, alguns estádios têm se destacado nas rotas de torcedores-viajantes brasileiros:

  • La Bombonera (Buenos Aires): não pela beleza natural, mas pelo entorno popular e pelas ruas estreitas de La Boca; o colorido do bairro e os murais fazem parte da experiência.
  • San Siro (Milão) e Allianz Arena (Munique): arquiteturas marcantes em contraste com bairros residenciais ou campos ao redor; chegar ao estádio já é uma espécie de passeio urbano.
  • Estádio de Nice (França): pela proximidade com o Mediterrâneo; é possível combinar jogo e passeios pela Riviera em poucos dias.

Dicas para transformar memórias esportivas em roteiros de viagem

Os relatos de atletas e viajantes brasileiros apontam para um padrão: as paisagens que mais marcam não são, necessariamente, as mais famosas, mas aquelas que se conectam com uma experiência forte – uma estreia em Copa, a primeira maratona, um jogo decisivo ou simplesmente um treino solitário em lugar improvável.

Para quem quer planejar viagens a partir dessas imagens, alguns caminhos práticos ajudam:

  • Escolha um evento âncora: uma maratona, uma etapa de surfe, uma partida de Champions, um grande prêmio de automobilismo. A partir dele, desenhe os dias extras para explorar a região.
  • Pesquise o clima na data do evento: a mesma paisagem muda completamente entre verão e inverno. Uma montanha verde em julho vira cartão-postal nevado em janeiro.
  • Considere o custo total, não só a passagem: grandes eventos encarecem hospedagem, alimentação e transporte interno. Orçar tudo antes evita surpresas – principalmente em cidades turísticas europeias.
  • Inclua ao menos um dia “sem roteiro”: muitos relatos de atletas falam de descobertas feitas em caminhadas aleatórias, fora do circuito turístico oficial.
  • Aproveite treinos como forma de conhecer o lugar: correr 5 ou 10 km na orla, pedalar em ciclovias ou caminhar em parques permite ver a cidade de um jeito que o passeio de ônibus não mostra.

No fim, seja nas arquibancadas de um estádio centenário, na linha de chegada de uma grande maratona, no mirante de um forte diante de ondas gigantes ou no silêncio gelado de uma trilha de alta montanha, as paisagens mais belas vistas por atletas e viajantes brasileiros têm um ponto em comum: elas deixam de ser apenas cenário e passam a ser parte da própria história pessoal de quem esteve lá.

É essa mistura de suor, emoção e horizonte que transforma uma foto em lembrança duradoura – e que faz tanta gente, ao voltar pra casa, já começar a planejar qual será o próximo cartão-postal esportivo a ser vivido ao vivo.